Vida profissional: trabalho, carreira, missão ou propósito? Que estágio está você está?
Todos nós sabemos que nossa trajetória profissional é um pilar de felicidade importante em nossas vidas, pois o trabalho dignifica o homem e todos nós precisamos do trabalho.
O trabalho pode nos fornecer algo além do dinheiro. Através dele temos a oportunidade de nos desenvolver, de nos desafiar e sentir que estamos evoluindo em nossas vidas. O trabalho estimula nossa criatividade, nossa capacidade de inovar, de aprender e reaprender. Além disso, temos um convívio social, nos relacionamos com pessoas de diferentes formações, e esta troca de conhecimento e experiências pode ser muito rica para nosso crescimento.
Por outro lado, se não tomarmos cuidado o trabalho pode se tornar algo chato, rotineiro, cansativo e muitas vezes não vemos sentido no que estamos fazendo.
Simplesmente ligamos o “piloto automático” e vamos fazendo, sem entender o propósito do que estamos fazendo, sem entender se o que estamos fazendo é exatamente o que queremos fazer e se aquilo está fazendo sentido para nós.
Segundo o grande filosofo e escritor Mário Sérgio Cortella, se não tomarmos cuidado, fazemos as coisas no automático e perdemos a oportunidade de entregar algo de valor e que nos gere motivação para continuar buscando novos resultados.
“...Se o indivíduo fizer as coisas de modo automático, robótico, isso levará a um processo de alienação, isto é, de perda de si mesmo. Portanto, algo muito forte da natureza do trabalho se perde, a natureza autoral, a sensação de “eu sou realizador daquilo”. Fazer algo automático é tirar de mim a dimensão realizadora. Nessa hora eu me desumanizo, isto é, me aproximo do mundo das máquinas – frase extraída do livro “Porque que fazemos o que fazemos“ – Mario Sergio Cortella.
Outra reflexão que precisa ser feita é o quanto o trabalho pode afetar nossa saúde física e mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) até 2020 a depressão será a enfermidade mais incapacitante do planeta e o trabalho é um dos principais gatilhos que contribuem para este indicador.
O número de afastamentos (licença) por causa de depressão está aumentando ano a ano no Brasil (de 3,56% em 2012 para 4,67% em 2016) – fonte: Você S/A – Julho 2017 e segundo pesquisa da International Stress Management Association, (ISMA) realizada no Brasil em 2015, 72% das pessoas não estão satisfeitas com o trabalho que desempenham.
São indicadores assustadores. Apenas uma em cada três empresas (31%) está satisfeita com o nível de engajamento de líderes no que diz respeito a gestão de pessoas (pesquisa realizada pela LHH, novembro 2017) e este pode ser um fator importante que influencia o nível de satisfação e motivação dos colaboradores dentro das organizações.
É claro que existem grandes motivadores que explicam esses indicadores e os principais fatores de risco apurados que podem desencadear a doença e insatisfação com o trabalho são a carga de trabalho desequilibrada, clima ruim, cobrança exagerada, processos estressantes, sensação de instabilidade e indefinições. (fonte: Você S/A – julho 2017)
Mas aí eu te pergunto? O que você anda fazendo para não ser mais um número pertencente as essas estatísticas? Já parou para pensar que só existe uma pessoa que pode mudar este cenário? Você!
Como especialista em gestão de carreira, eu convido você a refletir sobre significado de trabalho na sua vida. O que significa trabalho para você? Um meio de ganhar dinheiro, que garante apenas sua sobrevivência e subsistência? Ou você vê o trabalho como algo que possa lhe propiciar algum conforto, uma reserva financeira, uma oportunidade de investir em estudos e conhecimento?
Vamos mais além um pouco. Você enxerga o trabalho como uma oportunidade de crescimento e evolução pessoal, onde você percebe que tem dons e talentos que pode emprestar para o mundo e servir?
Cada um tem uma relação diferente com o trabalho, e está tudo bem, portanto garanto que ao responder verdadeiramente essas perguntas, você pode se sentir mais confortável e consciente de quais caminhos ainda precisa perseguir para buscar e ter mais realização e satisfação no trabalho.
Estudos sobre comportamento humano revelam que seguir uma evolução, um caminho na sua trajetória profissional pode muito compensador e um grande ativador de felicidade. O fato de você ter um objetivo genuíno a seguir, sabendo que isso te move, te dá energia para seguir em frente e desfrutar e celebrar as conquistas ao longo do caminho faz o seu caminho menos pesado, menos oneroso.
Quando falamos em “Coaching de Carreira, estamos falando em obter um estado desejado e focar toda a sua energia neste objetivo. Isso vira uma meta, um desafio e isso é o que nos tira do automático, pois isso garante que estamos ali para cumprir um objetivo que faça sentido para nós.
Isso não significa necessariamente mudar de emprego, para alguns sim, certamente, mas para outros simplesmente basta se desafiar a encontrar o seu propósito dentro do seu trabalho mesmo. Faça uma reflexão: O que você desempenha no seu dia -dia faz sentido para você? Você percebe que o seu trabalho tem um propósito? Qual valor você tem gerado através do seu trabalho?
Existem pessoas que já iniciaram a sua vida profissional no 3º estágio da evolução e já estão em busca de atender uma missão ou um propósito, e podemos ver esses estágios especialmente na jornada dos empreendedores, uma vez que a maioria dos empreendedores são movidos por uma paixão, um ideal, uma causa.
De qualquer forma, quem se encontra neste cenário de cumprir uma missão é constantemente acometido por uma inquietude, uma vontade de fazer mais e mais. Porque quem quer deixar um legado não quer parar nunca de trabalhar.
Mas e então? E você? Eu pergunto novamente, em que estágio da sua carreira você está?
Para ajudar ainda mais em toda essa reflexão, vamos entender como funciona a pirâmide do estágio evolutivo da vida profissional, segundo José Roberto Marques, fundador e presidente do Instituto Brasileiro de Coaching – IBC.
Estágio 1: Trabalho: sobrevivência, subsistência – você trabalha apenas para garantir o salário do final do mês e para pagar as contas. Não há sobra financeira. É o início do estágio evolutivo. Normalmente pessoas em início de sua vida profissional.
Estágio 2: Carreira: - conquista de notoriedade, conhecimento, reserva financeira. Você pode investir em novas formações acadêmicas (MBA, Pós), viagens, você tem capacidade de investimento.
Estágio 3: Missão: É quando você tem plena consciência de seus talentos, seus dons e você empresta ao mundo para servir. Você sente que precisa ir além e que pode oferecer algo ainda maior para o mundo. Sente vontade de transformar vidas, inovar e ir além, pensa na humanidade.
Estagio 4: Propósito ou Chamado: É quando você escolhe viver uma vida com pleno propósito e significado. É quando você verdadeiramente sente a necessidade de deixar um legado, você vive por isso e tem vontade de contagiar o maior número de pessoas.
Cada um encontra-se em um estágio, uns mais felizes e outros menos felizes. Reflita e verifique se ainda quer permanecer no mesmo estagio e por quanto tempo. Lembrando que o segredo da vida está na evolução, está em romper barreiras.
O pensamento de David Carvalheira exprime muito bem o que falamos até então: “ O trabalho dignifica o homem, o prazer aperfeiçoa a obra, a paixão dá sentido e o amor eterniza.
Vou aqui me apropriar deste pensamento e propor uma relação entre seu pensamento e o estágio de evolução em nossas carreiras. Veja só como fica esta correlação dentro do estágio do processo evolutivo do trabalho.
Faz sentido para você? Que reflexões e aprendizados conseguiu extrair deste artigo? Compartilhe!
Andrea Thibes é coach, especializada em Gestão de Carreira, com formação de Professional & Self Coaching pelo IBC – Instituto Brasileiro de Coaching.